A RELAÇÃO ENTRE O DIGITAL E AS FAKES NEWS NAS ELEIÇÕES
Mesmo diante da crise do coronavírus (COVID-19), o “calendário eleitoral 2020” segue — até o momento — programado para acontecer no dia 4 de outubro, nas eleições de prefeito e vereadores das cidades brasileiras.
Em abril, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou um pedido do senador Major Olímpio (PSL) para adiar as eleições municipais deste ano em virtude da pandemia de SARS-COV-2. De acordo com a Presidente da Corte e ministra Rosa Weber, “ainda há plenas condições materiais de cumprimento do calendário eleitoral”, relata.
Confirmadas as eleições, a sombra das ‘fake news’ na divulgação das pré-candidaturas já está em pauta. Como mais de 2/3 da população brasileira (69,8%) possui conexão com a internet, segundo dados da pesquisa Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), a divulgação de informações falsas na web pode impactar ainda mais públicos, por causa do aumento expressivo de internautas gerado pelo distanciamento social.
Segundo a empresária, diretora da Aruna Marketing e analista de Marketing Digital, Priscyla Caldas, “as plataformas digitais estão sendo usadas por algumas pessoas como ferramentas antidemocráticas, conflitando com o propósito pelo qual foram criadas. Se mal-intencionadas, os bancos de dados dessas redes podem manipular setores e públicos de variadas idades, dividindo a população seja de capitais ou interiores, acarretando um caos político, econômico e social”, explica.
Em estudo desenvolvido pela empresa de ‘cibersegurança’ Kaspersky, foi constatado que aproximadamente 62% dos brasileiros não sabem reconhecer ou identificar ‘fake news’.
Entretanto, segundo Priscyla, essa realidade pode mudar, como mostrado no estudo “State of the Connected Customer”, que relatou um aumento da desconfiança de clientes sobre o uso de dados por empresas a nível global. Para a empresária, esse novo comportamento do consumidor digital pode impedir a chegada de conteúdos falsos direcionados a alguns públicos-alvo.
“Sinceramente, não estou segura que sejam realmente respeitadas as leis de proteção de dados. Não sou a favor de ficar na paranoia e tentar se esconder do mundo digital, o que considero cada vez mais impossível, mas é preciso tomar cuidado e ficar atento com o que compartilha e como se expõe. Restrinja o máximo de dados possíveis. Essa desconfiança já é um ótimo começo”, elucida.
Na Bahia, a guerra contra as ‘fake news’ — potencializadas pela pandemia do novo coronavírus — ganhou mais um canal de atendimento com o site bahiacontraofake. De acordo com Priscyla, o lado positivo dos escândalos das notícias falsas, é que além da população ficar ciente dos fatos, espera-se que regras mais severas e acompanhamentos rigorosos sejam impostos em empresários e políticos, como a criação de meios comunicacionais para observar e divulgar as notícias distorcidas.
“As eleições estão vindo aí e a minha reflexão é, antes de acreditar em informações, compartilhar dados e defender qualquer posicionamento, avalie, leia e pense se sua conduta não está sendo manipulada. Se informe em vários sites, aposte em jornais conceituados, verifique agências de checagem e antes de compartilhar informações, analise a integridade das mesmas”, conclui.
Link:
A relação entre o digital e as ‘fake news’ nas pré-candidaturas eleitorais
A relação entre o digital e as ‘fake news’ nas pré-candidaturas eleitorais